Tinha tudo pra ser só mais um garoto entrando numa “roubada”. No momento em que foi pro campo substituir o Danilo, o Timão perdia por 1 a 0, era dominado e parecia muito próximo de levar mais um. Pela cabeça de ninguém passava a idéia de que tudo iria mudar apenas poucos segundos após aquela troca. Não foi preciso dar mais do que um toque na bola, o seu primeiro em jogos internacionais como profissional, o primeiro numa final de Libertadores e logo contra o Boca Juniors, dentro da Bombonera. Apenas um toque foi suficiente pra que a bola passasse por sobre o corpo do goleiro e morresse lá dentro. Um lance para transformar Romarinho em lenda.
Impossível prever o que será da carreira de Romarinho daqui pra frente. Podemos estar assistindo ao surgimento de um novo fora de série. Ou pode ser que seja só uma espécie de Tupãzinho 2.0. Isso não faz a menor diferença, agora. Com apenas 3 lances – o gol de ontem e os dois golaços contra o Plameiras, no domingo -, esse moleque passou de mais uma promessa que vem do interior a potencial herói da maior e mais esperada conquista da história do Corinthians. Isso, sim, é que é ter estrela!
Até na hora da tradicional entrevista na saída do campo, concedida ao Mauro Naves, Romahero brilhou. Nota-se que o garoto está a um passo de ficar marrento. Mas é aquela marra boa, de quem se garante e sabe que não nega fogo, que faz a diferença. Uma marra “romariana”, que lhe cai muito bem. O futebol brasileiro precisa de novos Romários, caras com personalidade e que dão o papo reto. A gente não tá pedindo que ele jogue como Romário. O craque deputado é inigualável. Aquela língua afiada, aquelas tiradas imprevisíveis, porém, dá pra gente resgatar. Nem que seja só um pouco. É que ninguém suporta mais esse monte de meninos-robôs criados à base de media training, essa geração “Eu quero tchu, eu quero tcha”, que dá no saco. Já pensou se a retomada se desse justamente com um Romarinho? Seria incrível!
Mas Romarinho é só mais uma prova do momento especial que vive o Timão. Talvez seja a evidência mais concreta daquilo que a gente já vem falando por aqui há bastante tempo. O Corinthians atingiu um nível de maturidade que poucas vezes se viu na trajetória do clube, principalmente em se tratando de Libertadores. Ontem, por exemplo, apesar da pressão que tomou no segundo tempo e que acabou resultando no gol do Boca, na maior parte do jogo o Corinthians jogou de igual pra igual e em várias oportunidades conseguiu levar a partida do jeito que lhe convinha, controlando bem as ações e não se deixando intimidar nem pelo que acontecia no campo, nem tampouco pelo que rolava fora dele. De novo mostrou ser um time extremamente maduro, cascudo e prontinho pra ser campeão da Libertadores ou de outro campeonato qualquer. Porque essa é a grande diferença entre esse Corinthians e aquele de 99 e 2000, muito mais técnico, muito mais legal de se ver jogar, mas que ficava menor diante da simples menção ao nome Libertadores. Esse de agora, não. O Corinthians de hoje é frio, calculista, tem um poder de concentração que surpreende e domina como poucos a arte de sair de situações adversas. É o Corinthians que não só não se apequena diante da competição, como ainda a trata como sendo apenas mais uma. É só por isso que ele está disputando a final. E é por isso que vai levantar a taça.
Essa será uma semana longa.
Abraços,
Tatu